sexta-feira, 12 de agosto de 2011


Uma saudade dos mil anos que passamos, ou das três semanas. A loucura de gostar tanto pra tão pouco ou simplesmente a loucura de tanto acabar assim. Fora tudo o que guardei de você, me restou a consideração que você guardou por mim. Sua ligação depois, quando me encontra. Sua mão estendida. Sua lamentação pela vida como ela é. Sua gentileza disfarçada de vergonha por não gostar mais de mim. A maneira que você tem de pedir perdão por ser mais um cara que parte assim que rouba um coração. Você é o mocinho que se desculpa pelo próprio bandido. Finjo que aceito suas considerações mas é apenas pra ter novamente o segundo. Como o segundo do meu nariz na sua nuca quando consigo, por um segundo, te abraçar sem dor. O segundo do seu nome na tela do meu celular. O segundo da sua voz do outro lado como se fosse possível começar tudo de novo e eu charmosa e você me fazendo rir e tudo o que poderia ser. O segundo em que suspiro e digo alô e sinto o cheiro da sua sala. Então aceito a sua enorme consideração pequena, responsável, curta, cortante. Aceito você de longe. Aceito suas costas indo. Aceito o último cacho virando a esquina. O último fio preso no pé da minha cama. Não é que aceito. Quem gosta assim não come migalhas porque é melhor do que nada, come porque as migalhas já constituem o nó que ficou na garganta. Seus pedaços estão colados na gosma entalada de tudo o que acabou em todas as instâncias menos nos meus suspiros. Não se digere amor, não se cospe amor, amor é o engasgo que a gente disfarça sorrindo de dor. Aceito sua consideração de carinho no topo da minha cabeça, seu dedilhar de dedos nos meus ombros, seu tchauzinho do bem partindo para algo que não me leva junto e nunca mais levará, seu beijinho profundo de perdão pela falta de profundidade. Aceito apenas porque toda a lama, toda a raiva, todo o nojo e toda a indignação se calam para ver você passar.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011


Dia 17 de janeiro amanheceu ensolarado como ele gostava. Comi o restinho do pote de geléia de morango que ele tinha feito pra mim e fui para o trabalho. No final da manhã, enviei um e-mail que não teve resposta. Horas ligando para o trabalho, para o celular, para casa. Incrível a rapidez com que comecei a construir a notícia na minha cabeça. Uma porta, o olho mágico caindo, um buraco revelando o que eu tanto temia. Finalmente a porta arrombada e eu sem coragem de entrar. ‘Meu amor, nosso filho’, eu me lembro de ter gritado. Um amigo me abraçava forte. Ainda bem que ele estava ali para me segurar. Lembro de uma sensação insuportável de injustiça e de uma esperança absurda de que tudo fosse um equívoco. Nossa vida me veio à cabeça como um filme, mas um filme sobre o futuro. Aquela era a morte de tudo o que eu e ele tínhamos sonhado. Como, se nosso filho ainda nem nasceu? Se ontem à noite ele estava comigo e tínhamos tantas certezas? Como, se ele tinha a alegria tatuada no braço? (…) Se o coração dele simplesmente parou de bater (ele provavelmente foi vítima de uma arritmia cardíaca), o coração do Francisco dentro de mim é que me manteve viva. Eu tinha medo de acordar no dia seguinte. Era tanta falta para tanto tempo pela frente. Mesmo assim, o humor não me faltou. ‘Já posso dar um depoimento em Páginas da Vida’, eu disse quando me levaram para casa. Era um jeito de sobreviver. A maneira suave como tudo aconteceu a mim soou como uma grande violência. E eu descobriria uma inesperada semelhança com minha avó materna. Alguém poderia dizer ‘Você é forte, já perdeu pai e mãe’. Mas é muito diferente. Ele não era de onde eu vim, era para onde eu ia.

Texto que Cris Guerra escreveu gravida ao encontrar seu namoro morto



Chorei quando li :'/





sábado, 16 de julho de 2011


Mas hoje, no nosso aniversário de um ano separados, posso dizer que foi você quem me ensinou a lição mais importante da minha vida: você me ensinou a sofrer. Eu odiava ver meus pais quebrando o pau quando era criança, mas eu lembro que eu, pequenininha, pensava: um dia um príncipe vai me levar para longe dessa casa com gente louca que fuma demais, berra demais, desmaia e chuta vasos. Eu sofri também na escola, quando para alguém me enxergar eu tinha de promover bizarrices. Mas eu era muito nova para me separar das bizarrices e acabava também chamando a minha atenção: será que eu sou bizarra?Depois, em casa, quando eu dobrava direitinho o uniforme para o dia seguinte e me sentia um papel de parede bege que ninguém entende pra que serve, eu pensava: um dia um príncipe vai me levar pra longe dessa falta de vida, dessa falta de beleza, dessa falta de compreensão, dessa falta de cor, dessa falta de sei lá o que porque eu era novinha demais pra saber o que faltava.Esperar o raio do príncipe sempre disfarçou minha dor, sempre me refugiou dela. Mas quando você, me mandou seguir meu caminho sozinha, fiquei sem saber como fugir da dor. Você era meu príncipe.
Depois de tantos amores estranhos, pequenos, errados e tortos, finalmente eu tinha reconhecido no seu olhar centralizado e no seu sorriso espalhado, o meu príncipe. E o meu príncipe estava me dando o fora. Que porra eu ia esperar da vida agora? Quem iria me levar para longe se você não me queria mais por perto? Não teve como. Foi a primeira vez na vida que não consegui me enrolar e acabei deixando a dor vencer. Pela primeira vez a realidade falou mais alto que a fantasia. Pela primeira vez a realidade da sua ausência falou mais alto que a fantasia de anos a sua espera. Sofri pra caralho, como diz por aí quem sofre pra caralho.
Mais do que livros cabeças, músicas bacanas, frases inteligentes, lugares descolados, você me ensinou o que realmente importa aprender nessa vida: que a vida pode ser uma grande, imensa e gigantesca merda.
É, ela pode ser. E que não existe porra de príncipe porra nenhuma. Que nem ninguém e nem nada pode te levar para longe de nada. É isso e pronto. E é assim pra todo mundo. E pronto. Qual o drama? A dor infinita dos dias infinitos que vieram depois do dia em que você se foi pra sempre veio misturada com toda a dor que eu não senti em todos esses anos.
A dor do seu pé na bunda trouxe vasos jogados, bitucas eternas de cigarros em longas discussões pesadas, tardes perdidas em odiar o mundo, cabeças viradas, corredores frios, papéis de parede beges e grupinhos festivos e fechados. A nossa dor acabou sendo toda a dor que fazia fila em mim para ser sentida. E já que a porta pra realidade estava aberta, por que não sofrer também pelas criancinhas carentes, os países em guerra, a estupidez humana e a dor das juntas da minha mãe? Por que não sofrer pela condição das favelas, das prisões e da Terra? Por que não temer o aquecimento global, o ácido dos limpadores de vidro na Henrique Schaumann e as frases do Clodovil? A dor da sua partida trouxe toda a dor do mundo. De uma só vez. Mas agora já passa da meia noite. Não é mais nosso aniversário de fim e, pra te falar a verdade, eu já não sofro mais o nosso fim faz tempo. E pra te falar ainda mais a verdade, eu acho mesmo que você foi o príncipe que eu esperei a vida inteira. Você chegou e me levou embora. Levou embora a menina que tinha medo de sentir a vida e esperava uma salvação para tudo. Quem sobrou é essa desconhecida que se conhece muito bem em suas bizarrices, lê jornais todos os dias, substituiu o bege pela cor do verão, tem uns pais gente boa ainda que malucos, adora os poucos e estranhos amigos, não espera mais pelo cavalo branco mas fica ansiosa pelo início da novela e talvez esteja pronta para amar de verdade. Amar um homem e não um príncipe.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Apenas seguir em frente ?


Porque é assim mesmo , você gosta de uma pessoa e essa pessoa não gosta de você , ai você tenta de tudo pra isso mudar e quando vê que não consegue , tenta seguir em frente , a final , não há nada mais que possa fazer , leio tanto que " se você ama , deixe ir embora " , alias leio muitas coisas que me confortam . A parte do seguir em frente é bem fácil de falar , até parece que não vai sofrer , até parece que não é difícil de esquecer . E ai vem uma outra pessoa , talvez uma boa pessoa , você decide dar a chance porque não beija a meses , e vai que você gosta né , mas não , não gosta , sente nojo , fica trancada por dentro , não quer repetir a dose , lembra do quanto é bom beijar alguém que ama , ai lembra de quem ama , lembra dele , sofre de novo . Quem inventou esse negocio de ' seguir em frente ' não tinha a noção do quanto é difícil né , ou tinha , não sei . O fato é , não tem outro jeito , se você se arriscou , tentou de tudo pra ter ele de volta ou pelo menos uma vez , e não conseguiu , parabéns , você fez a sua parte . Não existe outro jeito , o negocio mesmo é seguir em frente , como falam , vai viver , sair com os amigos , tentar se distrair , vale chorar no meio da noite também porque ninguém é de ferro , mas não deixa seus dias passarem e você se remoendo pelos cantos , tem tanta gente por ai querendo segundos a mais de vida , não desperdice os seus por um amor que não deu certo , a gente nunca sabe o que a vida guarda pra nós , e um dia , daqui a uns anos ou até meses , você vai descobrir o porquê que tinha que ser assim , porque de uma coisa eu tenho certeza , o que tiver que acontecer , vai acontecer .

terça-feira, 28 de junho de 2011

Quase


Eu quase consegui abraçar alguém semana passada. Por um milésimo de segundo eu fechei os olhos e senti meu peito esvaziado de você. Foi realmente quase. Acho que estou andando pra frente. Ontem ri tanto no jantar, tanto que quase fui feliz de novo. Ouvi uma história muito engraçada sobre uma diretora de criação maluca que fez os funcionários irem trabalhar de pijama. Mas aí lembrei, no meio da minha gargalhada, como eu queria contar essa história para você. E fiquei triste de novo. Hoje uma pessoa disse que está apaixonada por mim. Quem diria? Alguém gosta de mim. E o mais louco de tudo nem é isso. O mais louco de tudo é que eu também acho que gosto dele. Quase consigo me animar com essa história, mas me animar ou gostar de alguém me lembra você. E fico triste novamente. Eu achei que quando passasse o tempo, eu achei que quando eu finalmente te visse tão livre, tão forte e tão indiferente, eu achei que quando eu sentisse o fim, eu achei que passaria. Não passa nunca, mas quase passa todos os dias. Chorar deixou de ser uma necessidade e virou apenas uma iminência. Sofrer deixou de ser algo maior do que eu e passou a ser um pontinho ali, no mesmo lugar, incomodando a cada segundo, me lembrando o tempo todo que aquele pontinho é um resto, um quase não pontinho. Você, que já foi tudo e mais um pouco, é agora um quase. Um quase que não me deixa ser inteira em nada, plena em nada, tranqüila em nada, feliz em nada. Todos os dias eu quase te ligo, eu quase consigo ser leve e te dizer: “Ei, não quer conhecer minha casa nova?” Eu quase consigo te tratar como nada. Mas aí quase desisto de tudo, quase ignoro tudo, quase consigo, sem nenhuma ansiedade, terminar o dia tendo a certeza de que é só mais um dia com um restinho de quase e que um restinho de quase, uma hora, se Deus quiser, vira nada. Mas não vira nada nunca. Eu quase consegui te amar exatamente como você era, quase. E é justamente por eu nunca ter sido inteira pra você que meu fim de amor também não consegue ser inteiro…
Eu quase não te amo mais, eu quase não te odeio, eu quase não odeio aquela foto com aquelas garotas, eu quase não morro com a sua presença, eu quase não escrevo esse texto. O problema é que todo o resto de mim que sobra, tirando o que quase sou, não sei quem é.

Morrer é um clichê ...


Obriga você a sair no melhor da festa sem se despedir de ninguém, sem ter dançado com a garota mais linda, sem ter tido tempo de ouvir outra vez sua música preferida. Você deixou em casa suas camisas penduradas nos cabides, sua toalha úmida no varal, e penduradas também algumas contas. Os outros vão ser obrigados a arrumar suas tralhas, a mexer nas suas gavetas, a apagar as pistas que você deixou durante uma vida inteira. Logo você, que sempre dizia: das minhas coisas cuido eu! Que pegadinha macabra: você sai sem tomar café e talvez não almoce, caminha por uma rua e talvez não chegue na próxima esquina, começa a falar e talvez não conclua o que pretende dizer. Não faz exames médicos, fuma dois maços por dia, bebe de tudo, curte costelas gordas e mulheres magras e morre num sábado de manhã. Se faz check-up regulares e não tem vícios, morre do mesmo jeito. Isso é para ser levado a sério? Morrer cedo é uma transgressão, desfaz a ordem natural das coisas. Morrer é um exagero. E, como se sabe, o exagero é a matéria-prima das piadas. Só que esta não tem graça!

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Apesar de tudo , sincero


É que eu me sinto tão bem quando eu estou com você , sei lá , só sentar pra conversar , só te abraçar por uns segundos e depois ver você olhando nos meus olhos e sorrindo como quem quer dizer ' eu ainda gosto de você ' , não do mesmo jeito de antes , mas sincero , sentimento sincero , isso que eu to sentindo falta . E apesar de que eu queira algo mais entre nós , só de saber que você ainda sente um carinho por mim , depois de tudo o que a gente passou , é melhor, bem melhor . Eu tenho você guardado aqui no meu coração , você é aquele garoto que eu jamais vou esquecer , porque só eu sei o quanto você foi especial pra mim . Uma pena eu ter percebido tarde de mais , mas pior seria se eu nunca tivesse percebido .